Na sequência da Reforma Protestante, iniciada por Martinho Lutero a partir de 1517 com a publicação das suas 95 teses, irá surgir a Contrarreforma, também denominada de Reforma Católica que, na sua essência, reafirma os dogmas atacados pela Reforma Protestante. O seu acontecimento central vai ser a convocação do Concílio de Trento pelo Papa Paulo III, entre 1545 e 1563.
Apesar de não ser este um aspecto central à sua acção -- o qual decorre antes da reforma da liturgia então efectuada --, vai emanar deste Concílio a afirmação de um estilo renovado ao nível da escrita musical litúrgica, a qual, mantendo a sua característica polifónica, deverá dar primazia à palavra e não aos elaborados mecanismos musicais ligados à imitação e à complexidade de texturas que daí poderão ser resultantes e que caracterizaram em parte a música da geração de polifonistas de entre finais do Século XV e princípios do Século XVI.
Dois dos compositores que se destacam neste período, na escrita deste gênero musical litúrgico, são Giovanni Pierluigi da Palestrina (1525-1594) e Tomás Luís de Victoria (1548-1611). Em terras de sua majestade, William Byrd (1543-1623), católico praticante no reinado protestante da Rainha Elizabeth I, e apesar de também ter trabalhado para a Igreja Anglicana, foi um continuador deste estilo musical litúrgico normalmente associado à Reforma Católica.
Aqui ficam, pois, alguns exemplos musicais deste período de entre meados e finais do Século XVI, numa Europa marcada por profundas divisões religiosas que irão agudizar conflitos entre estados e que reflectem a luta de poder existente entre visões diferentes de uma só fé em Jesus Cristo.
Giovanni Pierluigi da Palestrina, Tu es Petrus
Tomás Luís de Victoria, O magnum mysterium
Tomás Luís de Victoria, Missa «O magnum mysterium»: Kyrie
Tomás Luís de Victoria, Missa «O magnum mysterium»: Agnus Dei
William Byrd, Mass for five voices