A História como processo de continuidades e rupturas

Apesar da disciplina de Análise e Técnicas de Composição não ser uma disciplina da área científica da História, a mesma mobiliza noções desta área do conhecimento Humano. Tal acontece porque, antes de tudo, nesta disciplina se estuda a música de tempos passados, mais concretamente, da Idade Média e Renascimento (Séculos V a XVI) no seu 1.º ano; e Barroco, Classicismo e Romantismo (Séculos XVII a XIX) no seu 2.º ano. Assim, é fundamental fazermos a seguinte pergunta: «O que é a História?». Muitos de vocês responderão que «a História é o conhecimento do passado», dando enfoque à noção de que a História é constituída por um relato de factos passados. Ou seja, têm a noção que a História responde às perguntas do «quando» e «do que» aconteceu. Neste sentido, a História é vista como um relato de acontecimentos passados que se julgam conhecidos nos factos e no tempo em que os mesmos ocorreram. Esta é a noção de História que provavelmente muitos de vocês ainda partilham.
Acontece que, face aos actuais modelos (paradigmas) em que a abordagem científica da História se enquadra, tal noção é incompleta, assemelhando-se muito mais ao trabalho de um jornalista (só que relativamente a um passado mais distante) do que ao de um historiador. É que hoje, às questões «quando» e «o que» aconteceu, entende-se como imprescindível a resposta às questões «como» e «porque» aconteceu, introduzindo-se assim uma dimensão explicativa dos acontecimentos do passados. As razões para esta mudança situam-se ao nível da tomada de consciência de que todo o conhecimento Humano é subjectivo, sendo que o facto histórico é moldado pelas diversas subjectividades que o intermediam até o mesmo chegar ao nosso conhecimento de hoje.
O texto a seguir colocado aborda esta problemática, procurando estabelecer uma ponte entre as noções contemporâneas de Jornalismo e História, passando por uma muito breve descrição dos principais paradigmas históricos no Século XX, concretizando as ideias aí referidas em dois casos concretos: «o caso do Conservatório Nacional» e «a década de 1990 vista pela revista Visão». Espero que apreciem a leitura do mesmo, podendo me ser colocadas quaisquer questões que considerem pertinentes sobre o texto.