Fuga BWV 578: Um exemplo do modelo escolástico

Um dos poucos exemplos que parece seguir de perto aquilo que vem a ser conhecido como modelo escolástico de fuga é sem dúvida a Pequena Fuga BWV 578, em Sol menor, de Johann Sebastian Bach, composta provavelmente entre 1703 e 1707. A sua estrutura formal se divide nas secções a seguir apresentadas, com uma exposição de quatro entradas, dividida em duas mais duas entradas intercaladas por uma pequena codetta ou ponte, e com reexposição do tema nas tonalidades do relativo da tónica (Si b maior) e da subdominante (Dó maior), intercaladas entre si por três episódios ou divertimentos. No final da fuga surge ainda uma última reexposição do tema, de novo na tónica, podendo esta reexposição final assumir, por vezes, formas mais complexas e desenvolvidas do que as reexposições anteriores, como é o caso do uso de um stretto:

Uma das características da fuga é que, a partir da segunda entrada do tema (normalmente designada de resposta), o mesmo vem acompanhado de um contra-tema com características melódico-rítmicas complementares e contrastantes a este mesmo tema, completando-o como se de um todo se trata-se. A resposta pode ainda ser real (se a mesma for uma mera transposição do tema, normalmente à dominante) ou tonal (se a mesma comportar, para além desta mera transposição, algumas alterações melódicas por razões de ordem tonal). Seguidamente poderemos ouvir esta fuga numa interpretação de Ton Koopmann. É de notar a sua técnica organística, em especial no uso da pedaleira do órgão, onde toca somente recorrendo às pontas dos pés, o que reproduz a técnica organística barroca de finais do século XVII e princípios do século XVIII (só no século XIX, com o renovado interesse no órgão por compositores como Franz Liszt e, em especial, César Frank, é que terá sido introduzido o uso do calcanhar como parte da técnica usada para tocar na pedaleira).