Regras para a colocação do texto [Século XVI]

Em meados do século XVI, a colocação do texto em latim, em música de caráter religioso, obedece em geral às seguintes normas:
  1. Normalmente, só se pode mudar de sílaba em momentos coincidentes com a Unidade Básica de Pulsação (UBP) -- i.e., meio tactus --, desde que a figura rítmica antecedente tenha uma duração igual ou superior à referida UBP.
  2. O texto se coloca silabicamente até à sua última silaba tônica, se reservando a última sílaba, ou as duas últimas silabas, para a última ou duas últimas figuras da frase, as quais deverão ter uma duração igual ou superior à UBP. Note-se que no latim só existem as acentuações grave e esdrúxula.
  3. Quando a frase termine num monossílabo, o mesmo será agregado, para efeitos da sua acentuação tônica, à palavra anterior, sendo que a acentuação tônica a considerar será a seguinte:
    1. Exemplo: "cor-rúp-tae sunt" terá o seu acento tônico em "rúp", sendo esta formação tratada como sendo uma palavra esdrúxula, i.e., com acentuação na antepenúltima sílaba.
    2. Exemplo "dó-mi-nus est" terá o seu acento tônico considerado em "nus" (acento tônico secundário de "dó-mi-nus"), sendo esta formação tratada como sendo uma palavra grave.
  4. Excepcionalmente, quando se trate de uma palavra esdrúxula (por exemplo, "dó-mi-nus"), podemos colocar as suas três sílabas em figuras com a seguinte duração: a sílaba "dó" numa figura de UBP e meia; a sílaba "mi" numa figura com duração de meia UBP, e a sílaba final "nus" numa figura com duração igual ou superior à UBP.
OBS! A UBP corresponde a uma mínima na notação utilizada no estudo das cinco espécies de contraponto rigoroso efetuado, sendo que também se utiliza, na transcrição de música deste mesmo período, uma outra notação rítmica na qual estes valores aparecem cortados a metade, ou seja, onde o tactus corresponde a uma mínima e a UBP a uma semínima.