Sinfonia n.º 104, 1.º andamento, de Haydn

O primeiro andamento da Sinfonia n.º 104 de Joseph Haydn (Londres, 1795) é composto numa tradicional forma sonata (allegro) precedida de uma introdução (adagio), a qual não faz parte da primeira. Enquanto o allegro se encontra em Ré maior, o adagio que o antecede está em Ré menor, sendo este construído numa forma ternária (ABA), nas tonalidades de Ré menor, Fá Maior, e Ré menor.
Apesar da sua qualidade não ser a melhor, o video a seguir apresentado mostra a execução deste primeiro andamento desta sinfonia:



A estrutura macro-formal deste andamento divide-se da seguinte forma (as secções encontram-se referenciadas por compasso):

1 a 16 Introdução
17 a 124 Exposição
124 a 192 Desenvolvimento
193 a 294 Reexposição

Quanto à constituição de cada uma destas macro-secções, temos:

[a] Exposição
17 a 32 T1 a [Ré maior]
32 a 39 T1 b
40 a 64 Ponte
65 a 80 T2 a [Lá Maior]
80 a 99 T2 c
99 a 112 T2 d
112 a 123 Coda

[b] Desenvolvimento
124 a 146 T1 a (ou T2 a)
146 a 155 T2 d
156 a 192 T1 a (ou T2 a)

[c] Reexposição
193 a 208 T1 a [Ré maior]
208 a 215 T1 b
216 a 247 Ponte
247 a 257 T2 a [Ré maior]
257 a 266 T2 c
266 a 277 T2 d
277 a 294 Coda

Apontamentos diversos:
  1. Como é comum em algumas formas sonata da segunda metade do Século XVIII, o segundo tema (T2) é em parte constituído por material idêntico ao primeiro tema (T1), à excepção do contraste tonal que, numa tonalidade maior, é efectuado entre a tónica e a dominante na exposição da referida forma. Na reexposição este contraste de tonalidade é inexistente, vindo ambos os temas na mesma tonalidade, i.e., na tónica. Assim, a primeira de duas frases do primeiro tema (T1), bem como a primeira de três frases do segundo tema (T2), são na realidade constituídas pelo mesmo material musical. Na verdade, neste período da história da música erudita ocidental, mais importante do que o contraste entre dois materiais de carácter distinto, é a existência de um claro contraste entre duas diferentes áreas tonais, uma na tónica e outra na dominante, ou relativo maior da tónica, consoante a tonalidade principal do andamento seja, respectivamente, em modo maior ou em modo menor.
  2. No final da ponte, na reexposição, ainda antes da entrada do segundo tema (T2), parece existir uma breve interrupção desta secção com um breve retorno ao desenvolvimento. Tal prática é comum em Haydn que, neste e em alguns outros aspectos, apresenta alguma regular inregularidade na concepção das suas formas sonata onde, na reexposição, por vezes a interrompe a mesma de uma forma semelhante ao que aqui acontece.